Comecei minha dieta no dia 18/05, pesando 71 quilos, algo que nunca me acontecera antes. Foi difícil assimilar aquele número na balança, mas eu sabia que no fundo era uma consequencia de alguns meses sem tentar vestir uma roupa decente sequer, e de comer indiscriminadamente qualquer coisa que me desse vontade. Cheguei a comer no mesmo dia durante o almoço 4 salgados grandes e ainda assim não me sentir saciada. No mesmo dia, mais a noite eu me enganaria tomando um “caldo verde” (pura batata), com muitas torradas, como se aquilo se tratasse de uma comida leve.
Com o passar dos meses eu comecei a me sentir entupida (sim, essa é a palavra!) de comida, como se meu corpo e meu estômago estivessem sempre inflados, e dessa forma, eu sempre procurava mais e mais comida. Comecei a comer coisas que eu nunca havia comido antes, como, por exemplo, doces. Nunca dei importância para comer algo doce depois do salgado e de repente eu me vi misturando doce e sal, sem sequer respeitar alguma ordem. Eu estava visivelmente perturbada com um descontrole alimentar. Esse descontrole só me gerou dificuldades e me tirou coisas que me faziam feliz.
Minhas roupas começaram a ficar cada vez mais abandonadas no fundo do guarda roupa ou jogadas em um canto qualquer, eu não tinha vontade nem de olhar para as minhas roupas. Aprisionei meu corpo em uma calça preta de malha, lycra, sei lá o que, daquelas larguinhas e uma blusa qualquer. Mas algo começou a acontecer. De repente, as minhas blusas já estavam me incomodando, me apertando na região dos braços. Meu Deus! Eu estava engordando onde eu nunca havia engordado, nos braços. Até que chegou o frio, e tenho casaquinhos maravilhosos para essa época do ano. Foi quando novamente eu levei outro susto, eu não me movia dentro dos meus casacos.
Comprar novos? Talvez um. Para me socorrer num momento de necessidade de estar mais ou menos bem vestida. Porque eu passei a ser assim, mais ou menos bem vestida quando eu precisava caprichar. Eu, que sempre fui muito bem vestida, daquelas que implicam com um detalhezinho minúsculo de imperfeição no visual. Sempre tive as calças certas, com os sapatos certos e as blusinhas certas, com as bijus certas. Vestidinhos então? Amava. Combinados sempre com meia pata, peep toe, melissas, qualquer coisa ficava bom. Hoje eu vejo isso.
Mas deixei a coisa ir se agravando, escondida em uma calça preta e uma blusa folgadinha que não me incomodasse. Mas, de repente, eu já nem ligava mais, eu queria era uma atividade festiva regada a boa comida (entenda-se comida engordativa), e ia suprindo todos os prazeres nisso. Uma coxinha era algo básico, eu já comia achando que era pouco.
Foi quando me vi, no dia 23 de maio, me vi com a mesma calça preta, barra rasgando, um moletom e uma alpargata. Sim, uma alpargata, daquelas de corda, apelativa mesmo, pq assim, são confortáveis, mas em casa... ou em uma tentativa fashion... eu estava passando longe disso. Fashion. Palavra que já não ocupava espaço em minha mente...
Eu percebi que a coisa se estendia. Junto com o abandono das roupas vinha o abandono de todo o resto. Sapatos escondidos, acessórios que eu já nem sabia mais combinar.
Esse peso para minha altura representa muita coisa, pois eu sou baixinha, nanica. Daquelas que só ficam lindas no estilinho mignon e com apelo fashion. Eu sempre tive uma preocupação com essa pegada do fashion, atirada, ágil e sempre ficava bem com qualquer pano que eu amarrasse em mim. (hoje eu acho isso rsss)
Às vezes me vejo gostando de roupas que há um tempo atrás eu jamais usaria e hoje, de repente, eu poderia até arriscar. Que absurdo! Ah, se meu vestido azul da Farm ouvisse isso! Melhor eu sussurar... E os meus Audrey hepburn’s styles... Jesus Lord! Se eles me vissem com essa alpargata estariam prestes a explodir em uma Revolução armada dentro do meu guarda roupa. Por isso, preciso esconder isso deles. Não quero que eles se esfarrapem guerrilhando porque eu me descuidei...
Ah, e olha só mais uma coisa que estou vendo. Minhas unhas. Sem esmalte, cutícula arrebentando, sem formato. Aí já é demais. Ainda bem que tem uma coisa preservada. Talvez por preguiça. Meu cabelo. Acho que como eu mal penteio, estou sem fuçar nele. E existe aquele ditado, cabelo, pele e merda quanto mais fuça mais fede. Não sei se existe, adaptei agora eu acho.
Enfim, comer vale a pena? Não.
Servir na sua calça 36 da Fórum? Não tem preço.
Usar aquela lingerie e saltitar nela sem medo das banhas? Não tem preço.
Desfilar de camisolinha despretensiosamente curta na frente do seu amado? Não tem preço.
OU SEJA, PARA CONSEGUIR TUDO QUE EU MAIS AMO E MAIS ME FAZ FELIZ NÃO PRECISO PAGAR NADA, PRECISO APENAS DE:
MUDANÇA DE ATITUDE RADICAL.
NÃO COMPRO NADA DE VESTUÁRIO ATÉ EU VESTIR A CALÇA ACIMA CITADA.
QUERO SALTITAR DESPRETENSIOSAMENTE NA MINHA MAGREZA.
LIVRE, LEVE E SOLTA.